Tudo tem solução, verdade?



Há fases na nossa vida em que parece que a nossa bússola e relógio internos avariam simultaneamente. Perdemos a noção de onde estamos e em que momento nos encontramos. A única coisa que não avaria é a ampulheta, que continua a mostrar que, independentemente da nossa confusão, o tempo continua a passar. Somos sobrecarregados com tudo o que nos rodeia, deixando de ter discernimento para o que é realmente importante. As emoções, essa bênção e maldição, tomam conta de nós. Abraçam-nos, desgastam-nos. Manter o equilíbrio nestas circunstâncias é complicado, mas é absolutamente necessário. O desgaste é mais psicológico do que físico mas ambos funcionam num ciclo vicioso de feedback perfeito. Enquanto formos capazes de manter a sanidade de fazer as escolhas ajustadas, então tudo está bem. Enquanto houver saúde e determinação em ultrapassar essas fases, então tudo está bem. Enquanto houver vontade de viver e de autossuperação, tudo está bem.

Reclamar é fácil. Todos o fazemos, delegando a responsabilidade para as circunstâncias, para os outros, para alguma coisa externa a nós, desresponsabilizando-nos do nosso papel no meio deste caos. Resolve alguma coisa? Não. Apenas nos faz procrastinar e estar no mesmo sítio.

Abandonar-nos à tristeza e autocomiseração também é uma opção. Uma vez mais, resolve alguma coisa? Não. Apenas nos faz vitimizar e usar palas que não nos permitem ver mais além ou simplesmente faz-nos enfiar a cabeça na areia, qual avestruz treinada e tonta.
Quando somos absorvidos por uma situação, devemos afastar-nos dela, para conseguirmos vê-la na sua plenitude e com o distanciamento necessário para perceber que tudo tem solução. Viver embrenhados no problema e fazer questão de nele continuar, já é uma opção individual. Recuso-me a permanecer nesses ciclos. Há dias difíceis e há opções para minimizá-los.
Ainda que nem sempre seja fácil acreditar nisso, repito para mim própria as vezes que forem necessárias: tudo tem solução.

© Laura Alho

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