Toda a gente tem algo a dizer sobre a tua vida. Habitua-te.


Toda a gente tem algo a dizer sobre a tua vida. Habitua-te a isso. Quanto mais ultrapassares os teus próprios limites, mais olheiros terás. Uns irão considerar-te uma inspiração e um exemplo. Outros irão fingir que não estão nem aí para ti, mas imitam-te de qualquer forma e não têm pudores em te criticarem. Terás uns poucos que te admirarão, em segredo, porque o elogio não faz parte das suas rotinas - são pessoas que, em silêncio, te respeitam. Outros, ainda, irão ver-te como um alvo, uma espécie de projeção desvirtuada, onde se revêm em ti, no que és, no que fazes, no que tens, mas nunca o admitirão porque isso significa mexer nas suas vulnerabilidades, insistentemente camufladas ao longo do tempo.
Terás pessoas que te criticarão pelo teu sucesso, pelas tuas escolhas, pelas tuas relações, pela tua forma de pensar. Faças o que fizeres, terás sempre quem espreite o teu facebook, quem comente o teu nome numa conversa de café, quem insista em desmoralizar-te nas costas e dar-te pancadinhas ocas de afeto à tua frente, quem passe horas no chat ou ao telemóvel a sustentar argumentos flácidos e emitindo opiniões sobre ti. Perdem tristemente o seu tempo nisso. 
Terás pessoas que se estão a marimbar para o que fazes ou para o que conquistas, porque és apenas um contacto social ou um veículo para algo que ambos beneficiarão. Uma convivência de simbiose profícua.
Terás, também, aquelas pessoas que te acompanham, que são capazes de não te falar diariamente, mas que vibram com aquilo que és e que conquistas. Pessoas que, em pequenos ou grandes gestos, tornam a tua vida melhor. No trabalho, no teu círculo íntimo, no teu mundo privado.
O importante, o verdadeiramente importante, é que te sintas bem na tua pele e que tenhas orgulho na pessoa que és. Que tenhas pessoas que não se inibam de te elogiar - não aqueles elogios empobrecidos que toda a gente faz porque fica bem, mas os que trazem brilho e te fazem sentir a alegria genuína. Às vezes são os elogios mais toscos a surtirem esse efeito.
Se tiveres que te habituar a alguma coisa, habitua-te a isto: a continuar a tua jornada, de sorriso no rosto, fé no coração e um amor transbordante por ti próprio(a). Os restos, eventualmente intensos mas efémeros, serão apenas resquícios da tua passagem.

© Laura Alho

Comentários

Unknown disse…
Texto bordado a ponto cruz das malhas que compõe o tecido social onde temos que lutar pela afirmação nossa identidade.Parabens pela coragem de sair da seu conforto para abanar as consciênciad mais adormecidas.
Unknown disse…
Texto muito bem elaborado sobre as minudências que compõe o tecido social no qual temos que afirmar a nossa individualidade num contexto cada vez mais exigente.Parabens.

Mensagens populares