Espírito (pouco) natalício...



Chegámos àqueles dias tão dotados de ambiguidade. Por um lado, é tudo perfeitamente bonito, mágico, alegre. Por outro, é tudo perfeitamente trágico, injusto, nostálgico. Voltamos à questão dos que têm tudo e dos que não têm nada. Sente-se aquela empatia pelos que pouco ou nada têm, mas rapidamente são esquecidos porque há coisas mais importantes a fazer.
Chegámos àquela altura que começa a ser pensada e preparada logo após o verão. Comprar o quê a quem. Onde. Quanto. Tentar não repetir presentes. Lembrar do que já foi dado. Fazer decorações a gosto. Drama das compras. Deixar para a última hora. Desespero. Trabalho a fazer doçarias tradicionais. Trabalho a ter tudo impecável depois dos desastres nas doçarias. Dormir menos horas para ter tudo pronto a tempo. Ter insónias a pensar no que ainda falta fazer. Chegámos à véspera. Inexistência de sossego. Preparativos atrasados. Jantar da véspera de Natal. Famoso bacalhau. Doces. Prendas. Sorrisos. Conversa fiada. Obrigado para ali, obrigado para acolá. Ah, e tal, não era preciso nada. Mas se não se dá NADA, fica mal, porque é Natal. E até o menino Jesus teve direito a prendas.
Chegámos ao Natal. E o dia 25 é um dia como outro qualquer. Almoço de família. Adeus e até breve. Passa-se assim... Graças a Deus, com saúde. Amanhã, já nem a árvore parece fazer sentido.
Quero que a magia retorne. A magia do verdadeiro Natal. E não este corre-corre que nem dá para aproveitar o melhor da época, nem estar com todas as pessoas da família e amigos que são importantes. Quero não ter obrigações e dar o que quero dar, não obrigando as pessoas a comprarem "qualquer coisa" só porque sentem que o devem fazer. Deviam substituir as prendas por abraços e beijos. Por palavras doces e mimos. Por atos genuínos que marquem a diferença.

Não obstante toda esta verborréia, espero que todos tenham tido um excelente natal.

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