A gratuidade das críticas: imbelicidades de quem é superficial


“Mente vazia, oficina do diabo” - assim diz um ditado que, na sua sabedoria popular, me faz iniciar este desabafo. Muitos outros de teor semelhante me ocorrem para ilustrar exatamente a mesma ideia: quem não se preocupa com a sua própria vida tem que, inevitavelmente, preocupar-se com a dos outros e dar o seu parecer crítico público, ainda que o mesmo não tenha sido pedido. E lá vem ele, adornado de palavras sentidas, e... completamente gratuito e dispensável!

O ser humano tem a tendência para espreitar, pelo canto do olho, como corre a vida ao vizinho, ao amigo e ao colega de trabalho. Trata-se, provavelmente, de uma curiosidade inofensiva, uma tentativa de perceber se nos desviámos da “normalidade” e de compararmos estilos de vida. Até aqui, tudo bem. O fenómeno torna-se patológico quando se ocupa um  tempo de vida útil considerável em bisbilhotices, conversas cruzadas só para dizer mal, ou comentários isentos de qualquer filtro. Porque falar, graças a deus (ou a outra coisa qualquer), é um direito, uma liberdade! - Dizem os maledicentes de boca cheia e língua envenenada.

A má educação é atualmente um vírus que a sociedade alimenta e estimula pelos seus programas educativos ineficazes. Fala-se, por exemplo, de cyberbullying, mas muito pouco se faz para controlá-lo ou combatê-lo. É a típica reação social: primeiro todos se chocam e revoltam, depois alheiam-se e deixam que tudo caia no adormecimento (ou esperam que alguém faça alguma coisa!). Apesar de adormecido na cabeça destas pessoas, o fenómeno continua expressivo, apenas nos adaptamos a ele de uma forma completamente néscia. Não há, para mim, nada mais revoltante do que a acomodação visguenta a qualquer coisa negativa. Só revela pobreza de espírito - um outro tipo de vírus, mais resistente e com alto nível de contágio.

Para estes (ecto)parasitas sociais, a crítica é o meio de afetar os outros. Só porque sim. Dou por mim a ver vídeos no youtube sobre temas que gosto, vou ler os comentários e espanto-me com a quantidade de coisas negativas que se dizem (é o rapaz que é feio, são as unhas da fulana que são enormes, é a roupa horrível, é a fraca qualidade do vídeo, é o setting de gravação que é amador, é... é tudo, porque tudo é mau!). Depois, venho até ao facebook e deparo-me, a título de exemplo, com convites para gostar de páginas anti-fulano(a) e para grupos de cortar na casaca contra celebridades. Não sendo suficiente, enviam-me uns links de críticas e revisões sobre os meus livros. Leio-as e, de entre um conjunto significativo de críticas positivas, há também críticas negativas. Até aqui, tudo certo. Claro que enquanto escritora amadora que sou, beneficiaria muito mais se as críticas fossem concretas e me permitissem melhorar. De qualquer forma, não se pode agradar a todos! Ainda assim, o mais incrível disto tudo é que algumas das pessoas que avaliaram negativamente o(s) meu(s) livro(s), são também aquelas que me dão beijos e abraços, que me parabenizam e dizem coisas maravilhosas em apresentações oficiais, sessões de autógrafos, ou quando me encontram esporadicamente. Ora, se isso não é a hipocrisia ao seu mais alto nível, não tenho outra definição. :) A coisa boa, é que isso permite-me ser mais resiliente e, por consequência, mais exigente nas relações. Permite-me também dar menos importância a estas críticas ocas e que pretendem causar-me urticária e beliscar a minha autoestima. Lamento o fracasso da vossa missão.

Há também aqueles indivíduos que se sentem no direito de enviar emails ou mensagens privadas a dizerem o que bem entendem, sem me conhecerem de lado nenhum. A facilidade com que se aborda e critica os outros é assustadora. A gratuidade dos comentários não solicitados é deplorável. E que tal se cada um fizesse este simples exercício: sente-se confortavelmente e feche o olhos. Respire fundo 6 vezes. Quando se sentir tranquilo, responda às seguintes questões:

1) Sou feliz? Sim ou não? Se não, descubra as razões e faça alguma coisa para mudar.
2) Tenho tempo em excesso? Se sim, arranje o que fazer em vez se concentrar na vida dos outros. Ou então inspire-se neles, em vez que torná-los “alvos”. Mostre alguma inteligência emocional.
3) Passo muito tempo a falar dos outros, a pensar neles e a espalhar boatos ? Se sim, get a fuck*ng life! 


A imbecilidade das pessoas que criticam tudo acaba por ridícula. Se existem tantos haters dispostos a investir tempo e energia a falar mal dos outros, é porque os seus alvos têm algo que eles não têm e que, muito provavelmente, nunca irão ter se não abandonarem esse estilo de vida parasitário e pouco dignificante.


A boa notícia é que nunca é tarde para mudar.
A má notícia é que a mudança não é para toda a gente: é só para quem ousa ser feliz.

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