A tua consciência

Andam todos iludidos. Uns por uns motivos, outros por outros. Enquanto alguns querem acreditar que as pessoas são confiáveis, outros esforçam-se para provarem o contrário. 

Tens fé nas pessoas? Não tenhas. Elas enganam. Usam máscaras, usam subterfúgios. Dizem o que queres ouvir, não o que realmente sentem. Ludibriam-te. Tocam-te nos pontos fracos, nas vulnerabilidades. Mentem-te sem pudores. Traições? Prato do dia. A principal traição é a do respeito, a da confiança. Dão-te beijinhos e abraços. Como bónus, feridas abertas. Achas que mereces isso? Eu sei que não.

Tudo se passa debaixo do teu nariz. Se não vês é porque insistes em não ver e continuas a acreditar que tudo vai correr bem. Não vai. Para correr bem, as pessoas têm que querer mudar e, antes disso, têm que saber o que querem. Não adianta darem-te argumentos que te parecem sensatos. Não adianta darem-te explicações. Ainda que sejam bem construídas, há algo errado. E tu sentes isso.

Queres manter a tua sanidade no meio de uma embrulhada social sem pudores nem valores. As pessoas advogam freneticamente que são boas, que são honestas, que são um exemplo. Mas pergunto-te: vês isso nas atitudes delas ou queres acreditar que são mesmo assim?

És daquelas pessoas que sabe que o sexo não segura ninguém. O que segura é a forma como tratamos as pessoas. Todos precisamos de alguém. Todos precisamos quem nos proteja, quem cuide de nós, quem nos valorize. Tal como num jogo de xadrez, a rainha protege o rei e, tal como nas histórias de amor, o rei cuida da rainha. Na vida real, o jogo é igual, só que com mais peões e artificies. Achas que consegues resistir a este jogo cruel? Se conseguires, dou-te os meus parabéns.

Não sei o que queres. Mas eu sei o que quero. E, ou tenho o que realmente mereço, ou dispenso as migalhas para quem as quiser.

E tu, não devias aceitar menos que isso.

A tua consciência.

© Laura Alho