Vens? Se não vieres, fecha a porta à saída.


A porta estava entreaberta. Ele espreitou e viu-a, sentada confortavelmente num cadeirão de couro. Conseguiu vislumbrar-lhe o ar matreiro e a pose sedutora, de perna cruzada, com uma mão a segurar um cálice de vinho do Porto que estava em cima da mesa. A música que preenchia aquele espaço era melódica e instigadora. Ficou ali por momentos a admirar a cena erótica que começava a provocar-lhe algum formigueiro. Com ela, era sempre tudo diferente. Com ela, cada dia era uma história nova. De vestido preto curto e meias de liga por baixo, ela insinuou-se subtilmente, mostrando-lhe uma porção de pele suave e convidativa. Ela sabia que o seu homem era visual e que pequenos detalhes fariam todo o trabalho por ela. Abanou ligeiramente a perna, fazendo com que os sapatos pretos de salto alto brilhassem com o movimento e o vestido subisse ligeiramente. Sorriu e baixou o rosto sem nunca quebrar o contacto visual, já incendiado. Pousou os lábios no copo e sorveu um pouco do vinho, voltando a colocá-lo em cima da mesa. De olhos brilhantes, humedeceu os lábios de forma tentadora. Ele, com um ar jovial e já dentro do jogo, aproximou-de dela e passou-lhe a mão ao de leve no braço nu, fazendo-a arrepiar. O cabelo dela, preso num rabo-de-cavalo, revelava um pescoço delicado e um decote simpático e convidativo. - Boa noite. - Disse-lhe ele, com a voz enrouquecida por um desejo que antecipava a entrega à luxúria. Ela levantou-se do cadeirão e aproximou-se do ouvido dele. Sentiu-lhe o aroma do perfume, já tão familiar e retribuiu um “boa noite” que lhe provocou um arrepio na nuca. Apeteceu agarrá-la ali mesmo, mas no momento em que o ia fazer, ela virou-lhe as costas e parou na porta. Nesse instante, voltou a cabeça para ele e desprendeu o cabelo que lhe caía de forma sedutora pelos ombros e pelas costas. O ar dela, de menina inocente, arrebatou-lhe o coração. - Vens? - Perguntou-lhe ela, com os olhos brilhantes e desafiadores. - Se não vieres, fecha a porta à saída. Ele sorriu e trincou o lábio inferior. Sem hesitar, deu três passos e abraçou-a por trás, dando-lhe uma palmada inofensiva na nádega, agarrando-a com desejo. - Vou. - Respondeu-lhe enquanto lhe dava o primeiro beijo e fechava a porta do quarto.

© Laura Alho

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