Qual é o teu objetivo de vida?


Se te perguntasse qual é o teu objetivo de vida, o que dirias?
Provavelmente o mesmo que outras pessoas já me disseram e que eu própria, em tempos, também o disse: ser feliz. Uma expressão aparentemente tão simples, mas tão difícil de operacionalizar, não é? O que é ser feliz? Para uns é ter um trabalho de sonho, para outros é ter uma relação saudável, há quem queira ter uma vida próspera para que possam comprar tudo aquilo que desejam, há quem queira ter apenas filhos, deixar um legado pessoal, artístico ou de outra natureza, há quem não precise nada disto para ser feliz, bastando existir. Esta última categoria integra aqueles que eu chamo de sábios e que admiro. Mas se dissermos apenas uma forma de sermos felizes, estamos a ser hipócritas. A nossa vida é composta por várias esferas, dentre elas as relações/ família, o trabalho, o lazer, a saúde. Basta uma delas estar disfuncional para nós sentirmos aquele incómodo no peito e a sensação de que não estamos completos. Podemos até estar gratos pelo que temos mas, no íntimo de cada um, há uma voz que sussurra que, apesar de estarmos gratos, não esquecemos o que ainda não temos ou o que não está a funcionar tão bem numa determinada esfera, seja por ligações ao passado ou por excesso de futuro no presente.
Hoje em dia fala-se de apego e desapego como se fosse uma moda. Por vezes leva-se ao extremo, um e outro. Uns apegam-se a pessoas e coisas como se não houvesse mais nada no mundo, de forma doentia e perigosa, outros utilizam o desapego como forma de justificarem os seus comportamentos levianos, com o lema "carpe diem" de fundo. Talvez a coleção de corpos seja o motor da felicidade para certas pessoas, não precisando de mais nada para serem felizes. A mim, soa-me a vazio e a superficialidade mas, lá está, cada um está num patamar de evolução diferente, com necessidades diferentes. Por muito que gostasse, utopicamente, de mudar a forma de pensar de algumas pessoas, só tenho uma vida para cuidar: a minha.
Em boa verdade, todos os desejos são legítimos e, independentemente do seu cariz, todos eles têm algo em comum. Não importa as origens, a religião, o sexo, as habilitações, o objetivo é sempre o mesmo: criar raízes.
Criamos raízes que façam valer a pena a nossa passagem na terra, para não sentirmos que foi tudo em vão. Criamos raízes porque desconhecemos o que está para lá do portal da transcendência e porque é da nossa natureza acharmos que a nossa vida marca a de outras pessoas. Deixamos afetos, pensamentos, memórias, cartas, objetos, tudo o que acumulámos ao longo dos anos, tudo para que fique uma reminiscência nossa. No fundo, o nosso objetivo de vida é a imortalidade e tudo o resto são caminhos para lá chegarmos.

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