Conversas de Café: O sistema judiciário em Portugal é como o Coelho da Páscoa


Há notícias que me deixam absolutamente perplexa e a questionar-me se regressámos à Idade Média e ainda não me apercebi disso porque, algures no trajejo, a máquina do tempo avariou. Provavelmente devo estar com efeitos prolongados do jet-lag.

Após as últimas polémicas relacionadas com o Ministério Público, eis mais uma que me faz pensar que a formação académica e cívica de alguns profissionais (não generalizemos!) está a anos-luz do que seria expectável em pleno século XXI. Por momentos, questiono-me se esta malta com Síndrome de Superioridade sabe o que é a vida real ou se vive encapsulada numa realidade que não é partilhada por 10 milhões de portugueses. Não sei, de repente, parece emergir uma nova elite de seres humanos que alegam que insultar alguém é simplesmente um "ato de indignação e revolta" momentânea. Ora, gostaria de poder chamar a esta(s) pessoa(s), face a face e no calor do momento, uma série de impropérios insultuosos, como manifestação direta, inequívoca e assertiva do meu descontentamento pessoal sobre a sua atuação incompetente e inábil no caso em questão. E com isto não tenho qualquer "animus em ofender quem quer que seja", que fique claro!

Da mesma forma, também gostaria de salientar que, se algum dia eu beber uns copitos a mais e desferir um golpe num polícia, não há problema algum, porque só me estarei a defender da musculatura incrível do agente e da sua hipotética força que, a agarrar-me num braço, acabaria imediatamente com a minha raça. Portanto, antes que ele faça alguma coisa, eu insulto-o (de forma bem indignada e a demonstrar toda a minha ira contra a sua atuação) e dou-lhe um valente soco para apanhá-lo desprevenido! Faço-lhe um KO em três tempos, porque polícia não é ser humano, polícia é ET, é boneco insuflável, sem sentimentos e sem dignidade. Nem sei para que raio existe a Declaração dos Direitos Humanos!

Ora, meus caros, deixemos de brincar aos doutores e fazedores de justiça e façamos o papel que a todos nós nos compete, que é dar o exemplo à sociedade. Pessoas incapazes de exercer a lei e tão brilhantes em criar histórias e cenários abstratos deviam abandonar as suas atuais funções e tornarem-se escritoras. Talvez na ficção consigam dar azo a ideias tão mirabolantes como esta, que só contribuem, uma vez mais para a estigmatização de uma classe profissional que é constantemente caricaturada e transformada em bobo da corte. Isto sim, deveria revoltar-nos a todos. Porque continuamos a ter pessoas acéfalas em funções e cargos para as quais não têm qualquer vocação e competência, em qualquer classe profissional. A mudança de mentalidade urge!

Apetecia-me escrever mais uns quantos adjetivos menos simpáticos, mas sei que os meus leitores são pessoas inteligentes que saberão ler nas entrelinhas. Portanto, resta-me dizer, em jeito de despedida, que o sistema judiciário em Portugal é como o Coelho na Páscoa e os seus ovos imaginários: não existe mas faz questão de criar show-off e diversão à sua volta.

Até quando o permitiremos?

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