Nas atitudes reside o carácter de cada um


A forma como cada pessoa lida com os problemas é variável. As formas mais comuns são: fingir que não se passa nada; pensar no assunto vezes sem conta, sem tomar uma decisão/ ação; falar do problema e de como só a nós é que acontece coisas "assim"; tentar resolver o problema mas sempre com alguma ansiedade envolvida e sem certeza de ser a coisa certa, mantendo-o por longos períodos de tempo; resolvê-lo efetivamente; ou delegar nos outros a resolução do mesmo.
De todas as categorias, a que mais me fascina é a última, porque considero que é uma artimanha bem elaborada, aparentemente eficaz, mas com consequências a todos os níveis. Ainda assim, há muitas pessoas que não se importam com isso, desde que o problema seja resolvido. A primeira grande consequência de não haver uma responsabilização do problema (causado pelo/a próprio/a) é a incapacidade de crescer e de evoluir. Quando assumimos a responsabilidade do que fizemos e somos os únicos intervenientes na resolução dos problemas que causámos (a outros e a nós), somos obrigados a evoluir e a não repetir os mesmos erros. A consciencialização das nossas ações e o facto de "nos sair da pele" algumas das ações que temos que realizar para a resolução do problema, faz-nos vivenciar um período de punição para depois experienciarmos a redenção e termos aprendido realmente alguma coisa útil.
A segunda grande consequência na delegação do nosso problema nos outros, é a colocar em cheque relações interpessoais. Por muita oratória e capacidade de persuasão que tenhamos, há sempre elos que se fragilizam ou partem. As outras pessoas até podem ajudar de boa-vontade, com o coração cheio de boas intenções, mas começam a perceber que talvez só sejam procuradas para isso: fazer favores. E, inevitavelmente, a ficha cai. E quando cai, há uma espécie de desilusão que faz ponderar sobre se vale a pena estarmos a mover meio mundo para resolver algo que não fomos nós a criar. 
A terceira consequência é o sentimento de inviolabilidade da felicidade. E isto parece algo realmente positivo, porque dá a sensação que estas pessoas incrivelmente astutas, são integralmente felizes, independentemente dos seus problemas. E isto foi uma observação que fiz ao longo de vários anos, e sobre a qual refleti, chegando a uma conclusão empírica: as pessoas que aparentam ser realmente felizes e que o demonstram nos seus discursos e nas fotografias nas redes sociais, não o são verdadeiramente. Primeiro, porque há um sentimento de incompetência (na resolução de problemas) associado a estas pessoas; segundo, porque não encontraram ainda um sentido de vida pessoal e gratificante (de expansão e criação), limitando-se a ir vivendo mediante oportunidades que os outros lhes proporcionam (imérito); terceiro, geralmente são pessoas que vivem segundo a regra carpe diem, sabendo que haverá sempre alguém que lhes facilitará a vida, protelando a tão desejável evolução.
Acho que, em diferentes fases da vida, passamos por diferentes atitudes face aos problemas. E considerando a natureza dos mesmos, poderemos passar mais ou menos tempo a procrastinar a sua resolução. Da mesma forma, também já delegámos nos outros a resolução dos nossos problemas, até ao dia em que algo acontece e percebemos que não é por aí o caminho. De igual forma, também já caímos no papel de vítima, até percebermos que o problema não desaparece com queixumes. Irá continuar lá, cada vez com mais força e a reclamar a atenção devida.
Por isso, independentemente destas cenas comuns, ou mudamos as circunstâncias ou mudamos a atitude perante as circunstâncias. A vida tem demonstrado que ao mudarmos a a atitude, tudo o resto muda. Agora, se nada mudar, os problemas multiplicam-se e perpetuam-se. E nas atitudes reside o carácter de cada um.

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