Somos insignificantes na nossa magnitude.




O que somos, de onde vimos e para onde vamos são questões filosóficas intemporais. São a retórica muda das nossas vidas. Queremos respostas, mas não queremos ter o trabalho de procurá-las. Mantêm-se ali, quase esquecidas, e só se tornam aparentes em momentos de crise.

Nunca, num espaço tão curto de tempo, assistimos a tantas mudanças científico-tecnológicas, e a mentalidade das pessoas parece não estar a conseguir acompanhar a mudança. Ainda assim, parecemos sempre tão autocentrados nas nossas vidas e tão compenetrados em tentar entender o que se passa à nossa volta como meros figurantes numa peça de teatro.

Somos insignificantes na nossa magnitude. Realmente somos grandes, belos, enormes, só que não é materialmente. Fazemos parte de algo maior que não conseguimos compreender sequer. Somos capazes de atos incrivelmente corajosos e outros de total cobardia. Somos altamente sensíveis com os outros e excessivamente autocríticos em relação a nós mesmos. Ou somos altamente egocentristas fingindo um altruísmo aparente. Somos seres inacabados à procura de uma ilusão.
Somos incrivelmente perfeitos na nossa mortalidade. Temos uma maquinaria dentro de nós que é altamente falível e altamente eficaz. Adoece e regenera, num ciclo vicioso, até terminar o seu prazo de validade. Faz milagres diariamente, sem que nos apercebamos disso. Opera de forma silenciosa e, por isso, tendemos a ignorar essa maquinaria tão ritmicamente organizada.

Somos grandes no ego, pequenos na procura de um ideal de vida. Somos grandes na aparência, pequenos na essência. Vivemos em busca de uma qualidade de vida (materialismo) que nos foge por entre os dedos quando não temos com quem usufruir e partilhar.
Quem somos, afinal? Somos seres fabulosos, mas não acreditamos nisso. Queremos acreditar que poderíamos ser esses seres fabulosos, queremos passar aos outros a imagem de que somos realmente esses seres fabulosos. Partilhamos fotografias de uma vida intencionalmente perfeita, mas não passa de uma realidade paralela, de um desejo quimérico.

Repito a pergunta, para que volte a ecoar: quem somos, afinal?
Somos agulhas no palheiro com o desejo que alguém nos encontre. Mas sabem o que fazemos quando somos descobertos?
Continuamos a ser insignificantes. Porque somos apenas mais um número, se não fizermos com que a nossa existência ressoe durante e depois de termos deixado de existir.

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